Belisário

"(...) O percurso de Belisário, pintor habituado a circular entre a elite da sociedade e os artistas pobres da capital paulista, marca um espaço de expressiva força modernista. (...) Aspectos bipolores da geração modernista, (...). De um lado aqueles que se fizeram representar na Semana de Arte Moderna de 1922, com o evento que reuniu ideias, letras e artes no Teatro Municipal. De outro lado o grupo que se fez representar no Palácio das Indústrias com a 1ª Exposição Geral de Belas-Artes. Ambos contribuíram para o redimensionamento de um espaço para a arte. O primeiro financiado pela oligarquia e o segundo apoiado pelos professores do Liceu de Artes e Ofícios. (...) Belisário, filho de imigrantes, une, de certo modo, esses mundos por meio de relações sociais com a elite que frequentou e por laços de afeto com seus pais. (...) Entre essas polaridades, Waldemar Belisário constrói seu universo pictórico à revelia das imposições do desenvolvimento urbano, a demolir celeremente o provincianismo da capital. O 'menino operário' saberia mais tarde extrair - das ambivalências de um mundo ceifado pela engrenagem industrializada - o seu modo de expressão artística. (...) Com imagens de estranhamento e fascínio, a trajetória do pintor Waldemar Belisário é marcada ora como processo de construção, entre brechas periféricas do cenário artístico paulista, ora por iconografia de valorosa poética." (MARCONDES, Ana Maria Barbosa de Faria. Travessia periférica: a trajetória do pintor Waldemar Belisário. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 2013, p.19-22)